sábado, 27 de setembro de 2003

Na ressaca da Gymnaestrada

Curioso fenómeno lusitano. Cada vez que organizamos um evento internacional cá no bairro (campeonatos de futebol, regatas, cimeiras internacionais, meetings de atletismo, exposições universais, conferências mundiais de urologia, torneios de badminton e afins) sou invariável e prontamente elucidado sobre as estatísticas brutais que lhe estão associadas. É sempre o maior acontecimento desportivo/médico/cultural/político/musical/científico/social (riscar o que não interessa) do ano, com transmissão para uma quantidade astronómica de telespectadores espalhados por todo o mundo, ávidos de saber os últimos desenvolvimentos a partir de Lisboa (sim, são quase sempre na capital e não, não é coincidência).
O que ainda ninguém me conseguiu explicar foi por que carga de água é que quando o mesmo evento decorre lá na estranja não há nenhum canal português a transmitir, não há nenhuma referência nos jornais e ninguém sabe sequer que naquele ano também se realizou uma edição. Será que nesses anos não é tão importante?
Quem é o paciente leitor destes disparates que sabe onde decorreu a última Gymnaestrada? E a última America’s Cup?

Teorias da conspiração

A meio da leitura de uma rebuscada teoria conspirativa sobre os ataques de 11 de Setembro fui assaltado pela seguinte dúvida: Porque é que os imaginativos autores destas teorias nos forçam desde a primeira página a desconfiar de todos os dados oficiais/governamentais e na página seguinte nos induzem sem pudor a acreditar cegamente nos seus dados, que são confirmados apenas por eles próprios? Será excesso de autoconfiança? Ou será um atestado de menoridade passado aos leitores? Aqui fica a dúvida.

Futebol fora das quatro linhas

Todos os anos se repete a procissão diária de falsas notícias. Mas a pré-época é sempre a que assegura maior felicidade aos adeptos. As esperanças são reforçadas a cada nova contratação e, apesar de ainda ninguém ter ganho nada, também ninguém perdeu. Em alguns clubes já é motivo de festejo.

Relógio de pulso

Usar relógio é estar voluntariamente algemado à marcha impiedosa do tempo. Absolutamente insuportável para qualquer pulso com o mínimo sentido de liberdade!

Incêndios

Flagrante contraste entre um país em chamas e outro a banhos...
Quando devíamos estar a aperfeiçoar os planos de resposta às cheias e inundações, estendemos sobre a terra queimada as várias possibilidades de combater e prevenir incêndios... Portugal continua igual a si próprio.
Ao contrário de anos anteriores, a trágica dimensão dos últimos fogos provocou um debate alargado na sociedade que, espera-se, irá frutificar em medidas efectivas para prevenir e combater este flagelo sazonal.
É inadmissível que os primeiros incêndios do Verão continuem a ser encarados com a mesma naturalidade da abertura da época de caça!