sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É bruto!



Sob o título “Os tempos de Sócrates estão a acabar, mas a herança é pesada”, o nunca-menos-que-brilhante-filósofo Pacheco Pereira destila pela enésima vez um ódio desusado contra a governação socialista. O estilo literário destas farpas pretende ser o mesmo de Eça e de Ramalho mas, como o génio não é suficiente para tanto, o resultado é previsivelmente pífio. Transcrevemos algumas passagens mais verrinosas e alertamos os pacientes leitores para o neologismo “entourance” que, salvo melhor informação, será da autoria do próprio Pacheco Pereira.



Os tempos de Sócrates estão a acabar, esgotados, encurralados, perdidos na nuvem de arrogância do "animal feroz", na amoralidade da sua política, na mentira total em que transformou toda a actividade governativa, na impotência face a uma crise nacional que agravou e uma crise internacional que ignorou, adiou e, por isso mesmo, também agravou. (...) E quanto mais Sócrates se enterra na negação do real, mais este lhe bate à porta. Até o próprio parece começar a aperceber-se disto, e a responder a este fim dos tempos numa fuga em frente obstinada, porque é da sua natureza, mas confusa e caótica. (...) Já toda a gente percebeu tudo isto menos os intelectuais orgânicos "socráticos", um conjunto modernaço de gente que tem o coração no Bloco de Esquerda, mas a carteira no PS, ou melhor, no gabinete do primeiro-ministro. Gente que pouco preza a liberdade mas que tem acima de tudo um enorme fascínio pelo poder como ele se exerce nos dias de hoje, entre o culto da imagem, o pedantismo das causas "fracturantes", o vanguardismo social, o "diabo que veste Prada" ou Armani, e o "departamento dos truques sujos" à Richard Nixon, tudo adaptado à mediania provinciana da capital. A ascensão ao poder de uma geração de diletantes embevecidos com os gadgets, pensando em soundbites, muito ignorantes e completamente amorais, que se promovem uns aos outros e geram uma política de terra queimada à sua volta, é a entourance que o "socratismo" criou e vai deixar órfã. (...) Exemplos sobre exemplos desta degenerescência aparecem todos os dias. Já não são bonitos de se ver os tempos da crise do "socratismo", mais ainda vão ser piores os tempos da queda do "socratismo". Claro que isto é tudo a superfície efémera. O fundo é a perda de competitividade da economia portuguesa, o défice descontrolado, a dívida que ninguém sabe como vai ser paga, o desemprego e o empobrecimento dos portugueses, o país cada vez mais longe da Europa. Mas a superfície traduz um ambiente, uma ecologia, um "estado" de podridão. Na verdade, como a sabedoria popular dos provérbios afirma, o peixe apodrece pela cabeça.



Nota: Entende-se perfeitamente a argumentação de JPP. É um facto histórico que, quando o PSD esteve no Governo, a coisa pública foi exemplarmente gerida por gente séria, capaz e dedicada (aliás, como ficou comprovado com a distinção atribuída recentemente ao ex-PM Pedro Santana Lopes, pelos altos serviços prestados à Nação). Esperemos então que o PSD regresse rapidamente e em força ao poder, para endireitar o que ainda restar do País.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mais uma Campanha Alegre



Já muita água correu debaixo das pontes, desde que aqui se escreveu sobre o “charme do último candidato romântico” (28.09.2005).


A concretizar-se, o apoio do PS à segunda candidatura presidencial de Manuel Alegre será um erro político. A forma como Alegre exerceu o seu último mandato de deputado, com frequentes manifestações públicas de discordância relativamente à estratégia da governação socialista, foi penalizadora para o PS e não contribuiu para a estabilidade política de que o País necessitava para empreender ambiciosas reformas.


Em momentos críticos, Manuel Alegre representou a oposição mais obstinada ao cumprimento do mandato que os portugueses, bem ou mal, confiaram maioritariamente a José Sócrates. A avaliação dos professores, o código do trabalho, a co-incineração e tantos outros temas, foram objecto de conflitos internos que, não raras vezes, resultaram na dissidência de votos entre a maioria parlamentar socialista. A “ala alegrista” constituiu uma constante preocupação nos momentos de contagem de votos. Estariam a favor ou contra as propostas do seu próprio partido?


Importa ainda perceber que o milhão de votos que recebeu nas presidenciais de 2006, mercê de circunstâncias anormalmente favoráveis, não lhe pertence por inteiro. Circunstancialmente, surgiu como o candidato da esquerda, muito por falta de adversário credível, em boa medida devido à absoluta falta de oportunidade da candidatura soarista.


É muito provável que os melhores candidatos socialistas (Guterres, Gama e, quem sabe, Sócrates) se estejam a guardar para as presidenciais de 2016. Haverá no entanto outros candidatos disponíveis para concorrer em 2011 e que, no actual cenário, garantiriam no mínimo uma disputa renhida com Cavaco Silva.


Uma decisão incompreensível.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo



Existem dois textos do João Carlos Espada que julgo colocarem a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos seus devidos termos, isto é, sem excessivas colagens políticas ou religiosas. Um deles foi publicado aqui e o outro ali.