domingo, 8 de julho de 2012

Miguel Relvas - III



Um mês antes das últimas eleições legislativas, a Notícias Magazine traçou um curioso retrato político de Miguel Relvas que nos ajuda hoje a compreender a abulia de Passos Coelho relativamente à acumulação de "trapalhadas" por parte do seu braço direito.

“Quando agora põe os pés em cima da secretária e liga a aparelhagem para ouvir a banda sonora do filme Mamma Mia, Relvas sabe que a sesta será breve, porque o seu amigo há-de entrar pela porta do gabinete na sede do PSD a qualquer instante, ou o telemóvel tocará por um qualquer motivo. Não se importa. Ligou o seu sistema nervoso central a um único objectivo: construir o próximo primeiro-ministro. «O Pedro sabe que estou a fazer tudo para que ele seja primeiro-ministro e também sabe que devo ser a única pessoa no PSD que não quer o lugar dele. A minha carreira política terá o prazo de validade da dele.”
Se não afastar rapidamente este "activo tóxico" do seu executivo, será a carreira política de Pedro Passos Coelho que terá o prazo de validade da de Miguel Relvas. "Ça va sans dire"...

Miguel Relvas - II





O facto de Miguel Relvas ter encontrado numa instituição designada "Lusófona" o caminho mais curto para aceder a algo que não lhe pertencia por direito, encerra uma involuntária coerência semântica que importa assinalar.

De facto, é património imaterial da "lusofonia" esta velha tradição do compadrio, do tráfico de influências e até, em menor escala, da corrupção. Sobejamente documentada nas nações que tiveram a infelicidade de serem colonizadas por lusitanos, esta triste maneira de ser e de estar é socialmente valorizada e transmite-se, diligentemente, de geração em geração. 

A língua que une portugueses, brasileiros, goeses, cabo verdianos, angolanos, moçambicanos, são tomenses, guineenses, timorenses e macaenses, é a língua que serve para perpetuar os discursos erráticos de políticos que subitamente se esquecem dos nomes dos professores, da data de conclusão do curso, do número de cadeiras efectuadas, das equivalências atribuídas...

É tambem em linguagem "lusófona" que rejeitam com ar sério as acusações de pressão ilegítima sobre jornalistas, que desmentem com ar condoído a interferência de interesses privados na política de privatização, que negam com ar enfadado as promiscuidades e as trocas de favores com  agentes secretos e que repudiam com ar ingénuo as influências das sociedades secretas nas mais altas esferas do Estado.

A "lusofonia" fica-lhes tão bem!

Miguel Relvas - I

A propósito do plenipotenciário Miguel Relvas, resgatamos novamente para este blogue excertos da obra intemporal de Maquiavel.  

A escolha dos ministros por parte de um príncipe não é coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, de acordo com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência, é dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficientes e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta, pode-se sempre dele fazer mau juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os assessores”. (Nicolau Maquiavel, "O Príncipe")