quarta-feira, 22 de junho de 2005
terça-feira, 21 de junho de 2005
Há anos assim...
Em Salvador da Bahia para fugir à invernia e em Budapaste para fugir à canícula.
terça-feira, 14 de junho de 2005
Passeio Alegre
Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.
Eugénio de Andrade, "Rente ao Dizer" (1992)
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.
Eugénio de Andrade, "Rente ao Dizer" (1992)
segunda-feira, 13 de junho de 2005
Luto portuense
A cidade acordou sob um céu plúmbeo.
Imagino que no Passeio Alegre chovesse copiosamente e que as palmeiras estivessem curvadas pelo vento que sopra da barra.
O Eugénio morreu e este blog ficou irremediavelmente mais pobre.
Imagino que no Passeio Alegre chovesse copiosamente e que as palmeiras estivessem curvadas pelo vento que sopra da barra.
O Eugénio morreu e este blog ficou irremediavelmente mais pobre.
Numa mão a pena e na outra a espada
Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal.
Como dizia pela manhã Eduardo Lourenço, foi o século XX que se veio despedir de nós esta noite.
Como dizia pela manhã Eduardo Lourenço, foi o século XX que se veio despedir de nós esta noite.
terça-feira, 7 de junho de 2005
Nestes últimos tempos
Nestes últimos tempos é certo que a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças
Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?
Que diremos do lixo do seu luxo - de seu
Viscoso gozo da nata da vida - que diremos
De sua feroz ganância e fria possessão?
Que diremos de sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?
Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?
Nestes últimos tempos é certo que a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto
Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?
Sophia de Mello Breyner Andresen, Julho de 1976
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças
Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?
Que diremos do lixo do seu luxo - de seu
Viscoso gozo da nata da vida - que diremos
De sua feroz ganância e fria possessão?
Que diremos de sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?
Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?
Nestes últimos tempos é certo que a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto
Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?
Sophia de Mello Breyner Andresen, Julho de 1976
segunda-feira, 6 de junho de 2005
Mais uma vez!
A histeria generalizada relativamente à reforma dos políticos traduz aquilo que de mais tacanho subsiste na psique lusitana. A pequena inveja.
Aposto dobrado contra singelo que a imensa maioria dos jornalistas que acusam certos políticos de falta de ética seriam os primeiros a não recusar direitos legalmente adquiridos.
Estas manifestações degradantes aconteceram no passado recente com Fernando Pinto, acontecem agora com Alberto João Jardim e acontecerão no futuro. Triste.
Aposto dobrado contra singelo que a imensa maioria dos jornalistas que acusam certos políticos de falta de ética seriam os primeiros a não recusar direitos legalmente adquiridos.
Estas manifestações degradantes aconteceram no passado recente com Fernando Pinto, acontecem agora com Alberto João Jardim e acontecerão no futuro. Triste.
sexta-feira, 3 de junho de 2005
Este blog mantém a sua tradição premonitória (cf. post de 22/07/2004) .
Obras Públicas
Num contexto de contenção financeira e verbal generalizada, é delicioso assistir ao discurso de Mário Lino. Percebe-se a necessidade do ministro em declarar quase diariamente à comunicação social o arranque iminente de vultuosas obras públicas como a linha do TGV e o aeroporto da OTA. Por um lado, sossega o destroçado sector da construção e por outro exorciza os seus fantasmas pessoais... É que tanto ele como os seus colegas de Executivo sabem que nenhuma das duas obras arrancará nos tempos mais próximos.
N. do A.
A ausência de posts recentes fica-se a dever a uma intensificação do contributo pessoal do autor destas linhas para o aumento da competitividade das empresas portuguesas.
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