terça-feira, 24 de janeiro de 2006

A ver

O último de Woody Allen: "Match Point". Para além da fotografia, da banda sonora, do argumento e de tudo o resto, Scarlett Johansson está de cortar a respiração.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

50 e picos

Cavaco foi eleito presidente da República à primeira volta. Atendendo à tradição portuguesa dos dois mandatos consecutivos, será um exercício terapêutico começar desde já a identificar quem estará em melhores condições para unir a esquerda daqui a dez anos. Para estas eleições também parecia fácil e foi o que se viu...

Uma ideia de Europa

A idiossincrasia da Europa está, para Steiner, nos seus cafés. Não nos bares assépticos da América do Norte, quase sempre vazios, melancólicos e com uma irritante música de fundo, mas nos cafés de Pessoa, barulhentos, medianamente limpos e povoados por clientes habituais que constituem amostras do universo da respectiva metrópole.

Outro ponto de ancoragem da identidade europeia é a distância pedestre entre as metrópoles. A Europa pode ser percorrida a pé e até as cordilheiras se encontram salpicadas por abrigos de montanha, da mesma forma que os nossos parques urbanos estão equipados com bancos de madeira para permitirem o justo descanso dos viajantes.

Também por estes motivos se torna evidente que a afirmação europeia ante a inevitabilidade da globalização só pode ser iniciada quando for reconhecido o timbre cultural que historicamente enformou esta civilização.

A actual geração de líderes europeus tem a suprema responsabilidade de transmitir aos vindouros um legado milenar que não pode ser comprometido por critérios de oportunidade comercial ou quaisquer outros de idêntico teor. A Europa não precisa de se afirmar em antítese ao Estado Unidos, mas também não o deve fazer em colagem excessiva e acrítica.

O facto de Barroso ter chegado onde chegou diz-nos quase tudo sobre a Europa que temos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Aceita-se Procurador-Geral da República

Oferece-se: remuneração compatível.
Exige-se: escolaridade obrigatória, nacionalidade portuguesa, boletim de vacinas em dia, domínio básico de MsExcel na óptica do utilizador.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Crucifixos

Assiste-se hoje um pouco por todo o mundo ocidental ao progresso da investida laicista dos governos, com o intuito de satisfazer as aspirações - mais ou menos confessáveis - de alguns sectores da sociedade que, travestidos de republicanos e laicos, pretendem em boa verdade a instituição de estados anti-religiosos e não apenas laicos, como nos pretendem fazer crer.
A proibição dos crucifixos nas escolas é uma medida que, enquanto católico, não me choca. Tenho no entanto sérias dificuldades em perceber que haja portugueses que se sintam chocados com a representação de um “homem pregado numa cruz”.
É uma imagem “violenta” para as crianças, advogam os ditos laicos. Convém todavia relembrar a essa legião crescente de palerminhas acobertados por obscuras teses da pedopsiquiatria, que a “violência” de alguém que, há dois mil anos, terá morrido na cruz para salvar todos os homens não é de forma alguma comparável às decapitações, atropelamentos, bombardeamentos e outras idiotices de igual quilate que as inocentes criancinhas sorvem avidamente através dos videojogos, da TV e da Internet.
O ridículo atingiu-se já no Estados Unidos, com a proibição de referências oficiais ao Natal. As instituições devem apenas referir termos inócuos e consensuais com os “feriados”, as “festas” ou as “férias” do final do ano.
O preço a pagar por esta investida anti-religiosa será altíssimo. Aliás, a recente polémica em torno da referência à matriz cristã na futura Constituição Europeia foi já um claro alerta da debilidade cultural dos líderes europeus, que teimam em não querer perceber que a afirmação dos valores cristãos – inequivocamente fundadores da Europa tal como a conhecemos hoje – é a mais eficaz e duradoura política antiterrorista de que podem dispor.