sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

Ecologia - pensamento conservador?

No pensamento conservador, situado à direita do espectro político, surgiu uma alternativa ao domínio das abordagens neoliberais e socialistas relativamente ao ambiente.
O pensamento conservador refuta a tendência para associar o pensamento e a política ecológicos aos movimentos socialistas, preferindo considerar o ponto de vista conservador da Natureza como uma visão forte da forma de se viver em harmonia com o mundo natural. Os conservadores combinam, de forma intuitiva, um respeito pela Natureza com a convicção nas virtudes da propriedade privada.
Ao contrário do pensamento neoliberal, que considera as coisas naturais como simplesmente exploráveis, os conservadores encontram nas coisas naturais parte de uma rede de vida complexa, da qual os seres humanos são apenas uma parcela significativa.
John Gray no seu “Programa para o Conservantismo Ecológico” censura os pensadores de direita por deixarem resignadamente as questões políticas relacionadas com a ecologia nas mãos solícitas da esquerda. E vai mais longe, afirmando que as virtudes e as convicções conservadoras tradicionais se identificam de uma forma muito mais intensa com a teoria ecológica do que as políticas socialistas. O pensamento ecológico parece perder demasiado tempo a criticar os mercados capitalistas e a fechar os olhos às consequências do planeamento estatal.
Outro ponto de comunhão fundamental prende-se com o facto de, quer o pensamento conservador, quer o ecológico, realçarem de forma inequívoca a importância de uma perspectiva multigeracional, em vez do contrato de uma geração.
De igual forma, ambos tentam destruir a relação entre a crença num crescimento infinito e as condições para a prosperidade humana. Ambos acreditam que chegaremos irremediavelmente ao ponto de sermos obrigados a pensar imaginativamente com aquilo que temos.
O pensamento conservador consegue, de uma forma que não está ao alcance de nenhuma outra ideologia política, estar claramente consciente da importância do reconhecimento da complexidade, do risco e da incerteza, que constituem factores incontornáveis para a percepção da problemática ecológica.

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