terça-feira, 6 de julho de 2004

Porque a Poesia nunca morre

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
e como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta.
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

("Dia do Mar", Sophia de Mello Breyner Andresen)

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