quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mais uma Campanha Alegre



Já muita água correu debaixo das pontes, desde que aqui se escreveu sobre o “charme do último candidato romântico” (28.09.2005).


A concretizar-se, o apoio do PS à segunda candidatura presidencial de Manuel Alegre será um erro político. A forma como Alegre exerceu o seu último mandato de deputado, com frequentes manifestações públicas de discordância relativamente à estratégia da governação socialista, foi penalizadora para o PS e não contribuiu para a estabilidade política de que o País necessitava para empreender ambiciosas reformas.


Em momentos críticos, Manuel Alegre representou a oposição mais obstinada ao cumprimento do mandato que os portugueses, bem ou mal, confiaram maioritariamente a José Sócrates. A avaliação dos professores, o código do trabalho, a co-incineração e tantos outros temas, foram objecto de conflitos internos que, não raras vezes, resultaram na dissidência de votos entre a maioria parlamentar socialista. A “ala alegrista” constituiu uma constante preocupação nos momentos de contagem de votos. Estariam a favor ou contra as propostas do seu próprio partido?


Importa ainda perceber que o milhão de votos que recebeu nas presidenciais de 2006, mercê de circunstâncias anormalmente favoráveis, não lhe pertence por inteiro. Circunstancialmente, surgiu como o candidato da esquerda, muito por falta de adversário credível, em boa medida devido à absoluta falta de oportunidade da candidatura soarista.


É muito provável que os melhores candidatos socialistas (Guterres, Gama e, quem sabe, Sócrates) se estejam a guardar para as presidenciais de 2016. Haverá no entanto outros candidatos disponíveis para concorrer em 2011 e que, no actual cenário, garantiriam no mínimo uma disputa renhida com Cavaco Silva.


Uma decisão incompreensível.

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