sexta-feira, 28 de novembro de 2003

America's Cup

Quando soube da vitória de Valência fiquei triste. Pela nossa derrota, bem entendido. A vitória deles foi, por certo, merecida e realmente fundamentada.
Mas passou-me rapidamente a tristeza quando soube que Santana Lopes, afinal, se sentia aliviado com a decisão e que tinha menos uma dor de cabeça!
Se PSL, que é o presidente da Câmara de Lisboa, diz que se sente melhor com este veredicto, quem julgo eu que sou para achar que a decisão não foi boa para nós?

Ainda sobre o "penetra" do jantar iraquiano

Bush afirmou que a América tem os olhos postos naqueles homens, mas esqueceu-se de um detalhe.
Alguns do que assistiram ao seu discurso não voltarão a pôr os olhos na América.

Adivinha quem vem jantar

A aparição de Bush em Bagdade foi tão inesperada que os comentadores, apanhados desprevenidos, ainda hesitam entre a atribuição do rótulo de herói ou de palhaço. A mesma dúvida deve ter tido o departamento de marketing da Casa Branca quando começou a pensar nesta poção para inverter a tendência de queda imparável nas sondagens.
Mas o importante é que a moral das tropas foi galvanizada pela visita. Até quando? Até hoje ou amanhã, quando for assassinado mais um "proud american soldier".

quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Falta menos de meia hora

A decisão sobre o local de realização da America's Cup está a 30 minutos e alguns milhares de quilómetros de distância. Depois da histeria repartida entre as candidaturas de Lisboa e Valência, tinha alguma piada ver Marselha ou Nápoles a vencer. De qualquer forma, segundo alguns cronistas lusos, a vitória de qualquer outra cidade que não seja Lisboa, ficar-se-ia sempre a dever aos protestos dos pescadores. É este o "saber perder" dos portugueses: ou partimos o balneário ou culpamos os pescadores! Por estes últimos, espero mesmo que Lisboa ganhe e que assim fujam ao rótulo anti-patriótico.

terça-feira, 25 de novembro de 2003

A confirmação

The head of the US Central Command, General John Abizaid, said America's military presence "will no longer be needed" once the future Iraqi government can guarantee the country's security. (AFP)
Para quem tinha dúvidas, aqui está a prova que faltava. Os militares dos EUA nunca abandonarão o Iraque!

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

Sharon recebe Fini

Estas aFinidades já não me surpreendem, mas confesso que esperava mais do proverbial talento negocial semita. De facto, abraçar um neo-fascista admirador de Mussolini (que, como é sabido, não morria de amores pelos judeus) em troca do apoio italiano na construção do muro representa, no mínimo, um mau negócio.

Maquiavel escreve sobre... A UTILIDADE DO PARLAMENTO

(...) nos reinos bem ordenados e governados (...) encontra-se uma infinidade de boas constituições, de que dependem a liberdade e segurança do rei; a primeira das quais é o Parlamento e a sua autoridade. Porque aquele que ordenou esse reino, conhecendo a ambição e a insolência dos poderosos, e julgando ser necessário pôr-lhes na boca um freio que os corrigise, e conhecendo, por outro lado, o ódio do povo contra os grandes, ódio nascido do medo, e desejando protegê-los, não quis que isso constituísse cuidado particular do rei, para evitar a este a animosidade que lhe adviria dos nobres quando favorecese os populares, e dos populares quando favorecesse os nobres; e assim, constituiu um terceiro juiz que, sem ser o rei, refreasse os grandes e favorecesse os pequenos. (...) devem os príncipes cometer aos outros as questões melindrosas, reservando para si mesmos as graciosas. De novo concluo que deve um príncipe estimar os grandes, mas não se fazer odiar do povo. (Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”)

sexta-feira, 21 de novembro de 2003

O esplendor da estupidez humana

The jury deliberating whether convicted U.S. sniper John Muhammad should live or die in connection with a fatal string of shootings (...) broke off discussions. It was not immediately known whether jurors were ready to offer a decision on whether Muhammad should be sentenced to death or life in prison without parole for two capital murder counts.(Reuters)

Só me faltava um filósofo

Ia eu descansado para fim-de-semana, quando esbarro com a página deste senhor. Reconheço-lhe a faculdade rara de estar presente em todos os fóruns de discussão auto-sustentada. Faz a festa, atira os foguetes e apanha as canas. É um artista português.

Maquiavel escreve sobre... O PROCESSO DA CASA PIA

(...) estes príncipes ou comandam por si mesmos, ou por meio de magistrados. No último caso, é a sua situação mais débil e mais perigosa, porque dependem em tudo da vontade daqueles cidadãos que foram propostos para a magistratura, os quais, mormente nos tempos adversos, podem, com grande facilidade roubar-lhes o Estado.(Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”)

quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Excesso de tempo livre?

A Universidade de Oxford investigou cientificamente o desporto mais estúpido do mundo. A Scientific American apresenta em primeira página as principais conclusões extraídas do artigo publicado na Nature sobre a ciência do "home run". Ninguém arranja uma consola de jogos para entreter estes investigadores? O interesse social da ocupação seria equivalente e os custos incomparavelmente menores.

quarta-feira, 19 de novembro de 2003

Maquiavel escreve sobre... O AUMENTO DAS PROPINAS

(...) não há coisa mais difícil de tratar, nem mais duvidosa de lograr, nem mais arriscada de manejar do que tentar alguém introduzir reformas. Porquanto o introdutor tem inimigos em todos aqueles que beneficiavam do antigo estado de coisas, e mornos defensores naqueles que aproveitam com as novas disposições, (...) em parte pelo medo que sentem pelos adversários, que têm as leis do seu lado, em parte pela incredulidade dos homens, que não acreditam em novidades e precisam da confirmação feita por uma experiência segura. Do que resulta que cada vez que os inimigos do novo estado de coisas têm ocasião para o combater, o fazem apaixonada e violentamente, e que os partidários desse estado se defendem frouxamente, de modo que, junto com eles, fica o príncipe em risco. (Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”)

terça-feira, 18 de novembro de 2003

Maquiavel escreve sobre... BUSH E O IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO

Não se pode dizer valor o matar os seus concidadãos, atraiçoar os amigos, não guardar a palavra dada, a piedade ou a religião; rasgos que podem fazer que se ganhe o império, mas não a glória.
(Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”)

segunda-feira, 17 de novembro de 2003

Eu estive aqui

Em busca de vestígios da protoblogosfera, encontro na memória “post’s analógicos” afixados em paredes de monumentos, em bancos de autocarro, em casas de banho públicas. Tipicamente consistiam em algo não muito longe da fórmula “António esteve aqui”, seguida da data da efeméride. Não poucas vezes encontrava-se também a variação regionalista dessa mesma fórmula: “Celorico da Beira esteve aqui”. Umas e outras despareceram quase completamente da paisagem urbana, agora ocupada por grafitos indecifráveis. Estes últimos confirmam a manutenção da necessidade de utilizar esta forma de comunicação pública, ficando por conhecer as causas para a modificação do conteúdo. Quais são as hipotéticas explicações?
  • O “António“ viaja muito mais do que em 1985 e não tem paciência para assinalar a sua passagem por tantas terras;
  • O “António” tem um blogue onde vai divulgando os seus destinos;
  • Fruto da maior maior mobilidade dos tempos modernos, o “António” já não se deslumbra de cada vez que sai de Celorico da Beira;
  • O “António” já não vive em Celorico da Beira e por este motivo não faz para ele sentido escrever o nome de uma terra com a qual já não se identifica;
  • O “António” tornou-se “grafiteiro” e continua a deixar a sua marca pelas terras que visita, sob a forma de um “tag”;
  • Findo o serviço militar, o "António" não voltou a fazer a infindável viagem semanal entre Celorico e Mafra, durante a qual se entretinha a escrever os seus "post's analógicos".
  • Onde estás, "António"?

    Maquiavel escreve sobre... AS CAUSAS DA ASCENÇÃO E QUEDA GUTERRISTA

    Não é (...) necessário a um príncipe possuir todas as (...) qualidades, sim que lhe é necessário parecer possuí-las. Assim, ousarei dizer isto de que, tendo-as e observando-as sempre, são danosas, e, parecendo tê-las, são úteis: como é bom parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e sê-lo; mas guardar tal disposição de ânimo que, necessitando não o ser, possa e saiba o príncipe desempenhar o contrário. E assim, é preciso que tenha um ânimo disposto a volver-se conforme os ventos e as variações da fortuna lhe ordenem, e que (...) não saia do bem, podendo, mas saiba entrar no mal, necessitando. Deve então (...) ter o maior cuidado de que nunca lhe saia da boca uma coisa que não esteja cheia das supraescritas cinco qualidades, e de que pareça, a quem o veja e ouça, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo religião. E não há coisa mais necessária de parecer ter que esta última qualidade.
    (Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”)

    Resposta à TSF

    Ainda inconformado com a morte prematura do programa “Freud e Maquiavel”, aproveito o ensejo para introduzir neste blogue uma nova rubrica. Chamar-se á “Maquiavel escreve sobre...” e consistirá na transcrição de excertos da obra maior de Nicolau Maquiavel - “O Príncipe” - seleccionados em função de temas actuais. Pretende-se demonstrar que o essencial do poder no séc. XXI está aprioristicamente enquadrado pelos escritos do filósofo político do Renascimento.

    quarta-feira, 12 de novembro de 2003

    Inscrição

    Quando eu morrer voltarei para buscar / Os instantes que não vivi junto do mar. (Sophia de Mello Breyner Andresen)

    A TSF mudou

    ... e ouvintes assíduos como eu fazem o maior contorcionismo mental para tentar perceber o motivo. "Em equipa que ganha não se mexe", lá dizem os catedráticos do pontapé na bola e com alguma razão. E a TSF fartava-se de ganhar. De imediato, só noto três diferenças substanciais, e todas de sentido negativo. Acabou o "Freud e Maquiavel", acabou o "Flashback" e estabeleceu-se um novo critério de selecção musical (original, reconheça-se) que consiste precisamente na total ausência de critério. A TSF mudou, mas que bom seria se não tivesse mudado.

    segunda-feira, 10 de novembro de 2003

    Universidade de Coimbra fechada a cadeado e autocarro!

    Apesar de mais uma ilegalidade, os estudantes não perderam a razão nesta luta - pelo simples motivo de que nunca a tiveram.

    terça-feira, 4 de novembro de 2003

    DdP

  • RATITE - adj Designativo da ave, também dita corredora, com esterno raso (sem quilha), asas mais ou menos atrofiadas e membros inferiores compridos e robustos; nf pl grupo de aves com as características referidas anteriormente, denominado correntemente aves corredoras.

  • EXINANIR - vtr Tornar vazio; evacuar; despejar; aniquilar; reduzir a nada; refl debilitar-se por falta de alimentos ou por evacuações sucessivas; abster-se muito.

  • segunda-feira, 3 de novembro de 2003

    Variações judiciais sobre o "Fim"

    Quando eu for preso batam em latas
    Rompam aos saltos e aos pinotes
    Façam estalar no ar chicotes,
    Chamem palhaços e acrobatas!

    Que o meu advogado vá sobre um burro
    Ajaezado à andaluza...
    A um preso nada se recusa
    E eu quero por força que ele vá de burro!
    (Portuense adaptando à novela judicial o poema "Fim" de Mário de Sá-Carneiro)