domingo, 8 de julho de 2012

Miguel Relvas - II





O facto de Miguel Relvas ter encontrado numa instituição designada "Lusófona" o caminho mais curto para aceder a algo que não lhe pertencia por direito, encerra uma involuntária coerência semântica que importa assinalar.

De facto, é património imaterial da "lusofonia" esta velha tradição do compadrio, do tráfico de influências e até, em menor escala, da corrupção. Sobejamente documentada nas nações que tiveram a infelicidade de serem colonizadas por lusitanos, esta triste maneira de ser e de estar é socialmente valorizada e transmite-se, diligentemente, de geração em geração. 

A língua que une portugueses, brasileiros, goeses, cabo verdianos, angolanos, moçambicanos, são tomenses, guineenses, timorenses e macaenses, é a língua que serve para perpetuar os discursos erráticos de políticos que subitamente se esquecem dos nomes dos professores, da data de conclusão do curso, do número de cadeiras efectuadas, das equivalências atribuídas...

É tambem em linguagem "lusófona" que rejeitam com ar sério as acusações de pressão ilegítima sobre jornalistas, que desmentem com ar condoído a interferência de interesses privados na política de privatização, que negam com ar enfadado as promiscuidades e as trocas de favores com  agentes secretos e que repudiam com ar ingénuo as influências das sociedades secretas nas mais altas esferas do Estado.

A "lusofonia" fica-lhes tão bem!

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